LIXO EMBAIXO DA
PONTE
(Sob a ponte
da Penha, que atravessa a linha do trem em 28/10/05)
A imagem
devia ser agradável
Afinal há
vida, movimento,
Panos e
roupas no varal,
Tudo em
crescimento.
Mas a vida é
um rio lento
Arrastando
viventes.
Rio sujo,
pesado, agourento.
Juntando
tudo, causando enchentes...
São casas,
famílias, pessoas,
Jovens, cães
e crianças nuas.
Cores
misturadas.
Papel, pau,
coisas quebradas,
Sem projetos
e infra-estrutura,
Sem rostos
amontoados,
Humanos
encurralados,
Infecção sem
cura.
Em cima os
carros passam,
Pessoas
dirigem, olham.
Alguns ficam
chocados,
Outros
acostumados.
Mas o quê e
como fazer
Pra mudar
essa confusão?
Será que o
poder público não vê
Ou quer
apenas a manutenção
Do lixo
embaixo da ponte?
Lixo vivo,
lixo gente,
Que come,
vota, sente,
E continua
jogado no monte.
Até quando
vai ser assim?
A miséria
incomoda só a mim
Ou não
percebo a estética
Contida na
falta de ética
Na falta de
dignidade
Chamada de
liberdade?
Liberdade de
ir, vir e morar,
Não onde
quiser,
Mas onde der
Pra chegar e
ficar,
Virando
apenas isso.
Ficando
parecido com lixo
Que se
acumula embaixo da ponte.
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